Fala galera, normalmente sempre coloco uma imagem ilustrativa em meus textos, hábito comum para chamar a atenção do leitor, mas hoje resolvi colocar um print de um amigo virtual que fiz lá nos idos de 1995, Aleksandar Mandic ou somente Mandic, um dos desbravadores. Este print é da página do Registro BR, onde se faz o registro de propriedade de sites e tem uma aba contando como tudo começou.
Só para se ter uma noção, a Rádio CBN usava o endereço de e-mail cbn@mandic.com.br, nem a globo ainda tinha site ou e-mail foi realmente a era jurássica quando nem mato tinha, era só terra e poeira de silício.
A gente navegava para encontrar referências para entender e reproduzir, e nessa busca, além de Mandic, conheci também virtualmente a Rosana Hermann que aliás me indicou o meu primeiro provedor de acesso e instalação de site, a Digiweb que depois foi comprada pelo UOL e tudo era feito em HTML e depois graças ao Bill Gates e seu pacote Office que incluia o Microsoft FrontPage e já facilitava demais criar e fazer o upload em FTP.
Muito rapidamente surgiram os templates que já dava uma boa ajuda, mas os sites eram todos muito iguais em virtude disso e se quisesse algo diferente era preciso garimpar muita informação ou fazer os primeiros cursos sobre internet.
Um local de encontro para essas trocas de ideias era sempre nas salas de bate-papo do UOL, teclando com outros curiosos no assunto, porque nos primórdios da internet no Brasil, a rede era um território de desbravadores acadêmicos e visionários, que através de conexões lentas e equipamentos rudimentares, lançaram a semente da transformação digital que hoje colhemos.
A Rosana Hermann foi uma pessoa que passou muita informação, achava coisas esquisitas e postava em seu site que na real era um blog, muito antes mesmo de blogs existirem, acho que era Omelete que chamava, ela descobriu um site que tinha que entrar todo dia e cada dia que alguém entrava o criador do site pagava uma quantia para uma ONG que combatia a fome, ela foi a maior divulgadora disso, mas também divulgou curiosidades como o site Maria ponto com, de uma dona de casa norte-americana, divulgou uma bizarrice de uma bola de elásticos que ia crescendo e era só isso o site, tudo era novidade e tudo era consumido.
Eu destaco nessa época romântica os seguintes pontos:
- Pioneirismo: A internet era uma novidade, e os primeiros usuários eram desbravadores que estavam abrindo caminho para as futuras gerações de internautas.
- Comunidade acadêmica: A internet surgiu no Brasil dentro das universidades, como uma ferramenta de pesquisa e comunicação entre os centros de estudo.
- Dificuldades técnicas: As conexões eram lentas, os equipamentos eram caros e difíceis de configurar, e a infraestrutura era precária.
- Visão de futuro: Apesar das dificuldades, os primeiros usuários da internet tinham a visão de que ela poderia transformar a sociedade.
Teve um sujeito que vislumbrou ganhar muito dinheiro e registrou (alguns sem acento porque a internet é gringa), matematica, geografia, historia, portugues, assim como jornalnacional, jornaldaglobo, jornalhoje e o clássico redeglobo.com.br e é por isso que a globo é ponto com e não tem o BR. Espertão gastou uma grana mas a Globo não comprou.
E sim, tenho saudades dessa época que ainda não tinha hackers que logo apareceram, os vírus eram tão bobinhos que abriam o compartimento de CD ou fechava seu computador. Mas foi uma época de muita camaradagem, ninguém queria ser melhor que ninguém, nas salas de bate-papo éramos nicknames do tipo orelhaseca, virtuosa, joelhodeporco, vovôviuauva e outros nomes engraçados que usávamos para aprender nos divertindo.
Hoje a internet está chata, engessada, cheia de cagaregras, os portais perderam espaço para as redes sociais e hoje é grana que corre e todo mundo quer ser influencer, ser conhecido por equilibrar o palito de sorvete no nariz, indicar produtos que não sabe como funciona, joguinhos que fazem pessoas perderem dinheiro e entrarem em depressão, virou uma chatisse e cheia de julgamentos, porque infelizmente a maioria não tem humor, ataca sem saber nem do que está falando, isso para não citar o tema mais sensível, a política.
Sim, eu tenho saudades é dessa internet, a qual estudo há mais de 30 anos e que muitos aqui não entenderiam, porque não tinham ícones e nem aplicativos, o bagulho era na raça mesmo, até para passar o endereço tinha que passar a URL inteira desde o HTTP : // www . qualquercoisa . com . br senão não chegava no site e até a busca era preciso saber exatamente o que procurava, porque o Google ainda não existia e as buscas eram feitas quase que artesanalmente nos AltaVista, Cadê, Aonde e Sapo, depois veio o Yahoo e os demais seguiram em vertiginosa velocidade.
Para ter acesso à internet, era preciso comprar um disquete e instalar o discador no computador, fazer uma assinatura e pagar mensalmente o acesso por meio de um alinha telefônica.
Alguns assuntos podem ter ficado fora da cronologia, porque eu também não tenho o compromisso com nenhum desses citados, apenas citei porque hoje é História, com “H”.