Fala galera, faz um tempinho que eu queria abordar esse assunto e hoje consegui colocar as ideias em texto… A gente cresce ouvindo que tem que sonhar alto. Que quem sonha pequeno já começa perdendo. Que o céu é o limite. Que se você pode sonhar, você pode realizar. E a gente acredita! Faz até quadro motivacional com frases em inglês e tudo: “Dream big”, “Never give up”, “Work hard, play hard”.
Aí você começa a correr atrás… planeja, economiza, faz planilha, assiste tutorial no YouTube com “7 passos pra realizar o seu sonho em 2024”, segue influencer de viagem, compra mochila, bota impermeável, gasta uma fortuna com uma barraca que parece a suíte do Copacabana Palace… Tudo em nome do… sonho.
Mas, o que ninguém te conta é que alguns sonhos, quando realizados, têm o dom de virar pesadelo. E não é figura de linguagem é pesadelo real, daqueles que você acorda suando frio, pensando: “Por que mesmo que eu quis isso?”.
Quer ver exemplo?
Tem gente que sonha em casar… e descobre no segundo mês que o amor da vida ronca como uma britadeira é fã de reality show e acha que louça se lava “no dia seguinte”.
Tem quem sonha em trabalhar com o que ama… e termina esgotado, comendo marmita fria às 22h em cima do teclado, pensando que talvez fosse melhor amar trabalhar só meio período mesmo.
E tem aqueles que sonham com fama, acorda um dia e boom! viralizou. Agora tem que sorrir o tempo todo, mesmo com crise de ansiedade e boleto vencido. Porque no sonho da fama não tem espaço pra TPM nem dia ruim.
Mas, tudo isso ainda são mini pesadelos de gente que ainda consegue rir depois. O problema é quando o pesadelo é literal.
Como foi no caso da Juliana Marins, uma jovem de apenas 24 anos, de Niterói, cheia de vida e coragem, que decidiu viver um grande sonho: fazer um mochilão pela Ásia. Um plano que soa como o roteiro perfeito de liberdade, autoconhecimento e paisagens de cair o queixo.
E foi exatamente isso que ela buscou. Até que, em junho, durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia – um daqueles lugares que você vê em documentário com drone voando e trilha sonora épica – Juliana caiu de um penhasco, numa queda de aproximadamente 300 metros. Um acidente trágico, impensável, inimaginável.
As buscas foram difíceis, quatro dias de incerteza, de desespero, até que seu corpo foi encontrado. Um sonho que se transformou no pior tipo de pesadelo – o que não tem despertar.
E não dá pra não pensar: onde termina o sonho e começa o risco? Qual é o limite entre a coragem e a imprudência? Entre o “viver intensamente” e o “viver perigosamente”?
Juliana não foi inconsequente, ela foi uma jovem cheia de sede de mundo, como tantos outros e talvez esse seja o alerta mais dolorido. Às vezes, o que a gente mais deseja é também o que mais exige respeito, cautela e responsabilidade.
Sonhar continua sendo lindo. É o que move a gente. Mas, idealizar o sonho como se ele fosse um conto de fadas pode ser perigoso, porque às vezes a vida, essa roteirista meio maluca, resolve mudar o gênero da história sem aviso prévio: do romance pra tragédia… Da comédia pra drama.
Sonhar é bom. Mas, planejar, conhecer os riscos, se preparar e entender os limites é o que separa um sonho realizado de um pesadelo anunciado.
Que a história da Juliana sirva não só de luto, mas de alerta. E que a gente continue sonhando, sim, mas de olhos bem abertos.
E você, conhece alguém ou já teve um sonho que se transformou em um pesadelo? Se sim, conta aí pra nós nos comentários.