Desde muito criança tomei gosto pela escrita e pela leitura, fazia palavras cruzadas para ampliar o vocabulário e lia (ainda leio) muita literatura, entre elas, poesia.
Uma das poesias que mais gosto foi imortalizada na voz de Ney Matogrosso, aborda um tema que foi uma das maiores catástrofes causadas pelo ser humano, mas é de uma inteligência ímpar, de uma leveza tamanha, capaz de transformar um assunto tão delicado em poesia pura, talento que somente um poeta possui.
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada
Eu fui no show dele esse ano e me arrepiei só de lembrar, gênioooooo! Eu amo poesias e poemas, acho que não tenha uma favorita, mas diria que Cecília Meireles é umas das minhas referências!
Ajuntei todas as pedras
Que vieram sobre mim
Levantei uma escada muito alta
E no alto subi
Teci um tapete floreado
E no sonho me perdi
Uma estrada,
Um leito,
Uma casa,
Um companheiro,
Tudo de pedra
Entre pedras
Cresceu a minha poesia
Minha vida…
Quebrando pedras
E plantando flores
Entre pedras que me esmagavam
Levantei a pedra rude dos meus versos.
Algo sempre me inspira,
uma frase, um dia esquisito,
uma palavra mal dita, um grito.
Reciclar esses momentos é ter a chance,
que mesmo que esteja fora do foco,
e talvez até mesmo assim de relance,
possamos viajar no pensamento,
mirando aquilo, que hoje inalcançável
mas que um dia, quem sabe a gente alcance.