Durante o início do século XX, a ciência e o fascínio pela radioatividade tomaram o mundo de assalto. Após a descoberta do rádio por Marie Curie em 1898, a substância passou a simbolizar progresso, energia e saúde — e, pasme, foi parar na comida e bebida!
O que parecia ser o futuro da nutrição… virou um dos maiores erros da história alimentar. ![]()
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1. Radithor — A “água energética” mortal
Nos EUA da década de 1920, surgiu uma bebida chamada Radithor, uma água “radioativa” vendida como elixir de vitalidade.
Continha: rádio-226 e rádio-228 diluídos em água destilada.
Prometia: rejuvenescimento, libido, energia e cura de doenças.
Consequência: causou envenenamento letal em várias pessoas, incluindo o milionário Eben Byers, cujo corpo literalmente brilhava no escuro após a morte.
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2. Leite e manteiga radioativos
Durante os anos 1950, testes nucleares nos EUA e na União Soviética liberaram partículas radioativas que caíam em plantações e pastagens.
O gado ingeriu o material, e o leite tornou-se radioativo, contaminando populações inteiras.
Isso levou à criação dos primeiros programas de monitoramento alimentar nuclear da história.
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3. Confeitos e doces “brilhantes”
Em plena era atômica, o brilho do rádio inspirou até sobremesas: havia balas e coberturas fosforescentes vendidas como “magia atômica”.
Eram tingidas com pigmentos radioativos usados originalmente em relógios luminosos.
O marketing dizia: “Coma energia pura!”
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4. Sais minerais radiantes
Nos anos 1910-30, farmácias vendiam sais de rádio e tório para temperar comida e “melhorar a digestão”.
Eram adicionados em sopas, cereais e até café.
Hoje se sabe que bastavam microgramas diários para causar danos ósseos e câncer.
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5. Cervejas e tônicos radioativos
Após a Segunda Guerra Mundial, o marketing “atômico” explodiu — surgiram cervejas e refrigerantes com nomes como Atomic Beer e Radium Tonic.
Embora nem todos contivessem material radioativo real, muitos imitavam o conceito para parecer “modernos e científicos”.
O termo “radioactive health drink” era símbolo de status!
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6. Comidas irradiadas militarmente
Durante a Guerra Fria, os EUA e a URSS desenvolveram programas secretos de comidas irradiadas para astronautas e soldados.
O objetivo era eliminar bactérias e prolongar a validade.
Algumas experiências, no entanto, resultaram em doses altas demais de radiação, tornando a comida perigosa ao consumo civil.
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7. O desastre de Goiânia (Brasil, 1987)
Embora não seja um “prato”, o acidente com Césio-137 contaminou alimentos e utensílios em Goiânia, gerando o maior caso civil de contaminação radioativa do mundo.
Muitas famílias ingeriram comida contaminada sem saber, e a tragédia mudou para sempre as normas de segurança nuclear no Brasil.
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Curiosidade Histórica:
Nos anos 1920, acreditava-se que a radiação “purificava o corpo”, e o rádio era chamado de “vitamina da imortalidade”. A ignorância científica da época fez com que o elemento fosse usado em cosméticos, alimentos e até cremes dentais.
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E hoje?
A radiação ainda é usada com segurança na indústria alimentícia moderna, mas de forma controlada — chamada irradiamento alimentar — para matar bactérias e aumentar o tempo de prateleira, sem deixar o alimento radioativo.
Frutas secas, ervas, temperos e até batatas passam por esse processo seguro e aprovado pela OMS.
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Resumo Brilhante (mas perigoso):
Época Produto Continha Rádio? Efeitos
1920 Radithor
Sim Câncer ósseo, necrose
1930 Sais Radiantes
Sim Lesões internas
1950 Doces Fosforescentes
Às vezes Irritação e contaminação
1960 Comida Militar
Irradiada Segura ou perigosa dependendo da dose
